As mulheres na Índia não
enfrentam apenas a violência e a discriminação social, política e trabalhista,
já que são desprezadas antes mesmo de nascer, o que faz com que no país existam
32 milhões de homens a mais que mulheres.
No país, que há 40 anos teve uma
das primeiras chefes de Governo da história, o sexo feminino continua sendo
considerado de segunda ordem e o feticídio feminino dizima as mulheres no país.
Segundo as organizações de defesa
da mulher, o desenvolvimento econômico não foi acompanhado de uma melhora
significativa da situação da mulher nem conseguiu acabar com o aborto seletivo
de bebês do sexo feminino, que afeta cerca de 500 mil fetos ao ano, apesar de a
determinação do sexo antes do nascimento ser proibida.
Entre as áreas mais afetadas pelo problema estão os povos do estado ocidental de Punjab, na fronteira com o Paquistão, onde as meninas são metade do número de meninos, como em Dhanduha, onde no último ano só nasceram três meninas, contra 12 meninos.
"Já tenho uma menina e não posso ter
outra. É muito difícil casá-las porque os homens exigem dotes muito
altos", declara uma professora universitária, que confessa já ter feito
cinco abortos "porque todas eram meninas": "Agora não sei se
poderei voltar a engravidar".
Os métodos de eliminação de
mulheres usados na Índia são muitos e incluem o feticídio feminino,
infanticídio, inanição intencionalmente provocada, assassinatos relacionados ao
dote e mortalidade materna conseqüente de diversos abortos forçados para evitar
que meninas nasçam.
O infanticídio feminino tem origem antiga e histórica na Índia. E
continua a ser uma prática comum em muitas regiões rurais do país,
principalmente porque é mais barato para as pessoas pobres do meio rural do que
o método usado pelas classes mais ricas e educadas em vilas e cidades que usam
o aborto selecionado por sexo. Uma parteira recebe apenas $2,50 para matar um
bebê recém-nascido (menina). Os bebês são estrangulados, enterrados vivos,
afogados em baldes de leite, ou envenenados. Em algumas regiões da Índia essa
tarefa é reservada ao pai ou avó paterno da criança.
Inanição intencional e negligencia - Muitas meninas que sobreviveram ao nascimento,
acabam não sobrevivendo à inanição intencional e negligência da família.
Meninas com menos de 5 anos têm uma taxa de mortalidade 40% mais alta do que a
dos meninos da mesma idade, e é assim porque seus pais não querem gastar com
comida e medicamentos, já que, segundo eles, uma garota não vale a pena o
esforço, e o melhor a fazer é deixá-la morrer.
Feticídio feminino se tornou um fenômeno desenfreado na Índia,
principalmente entre as classes média e alta.
Embora seja ilegal que médicos revelem o sexo do feto após os exames de
ultra-som, cerca de um milhão de fetos do sexo feminino ainda são vítimas do
aborto selecionado todos os anos na Índia. Estima-se que esse número chegará a
alarmantes 2-5 milhões/ano nos próximos anos.
Mortalidade Materna - o fato de as mulheres serem forçadas a
engravidarem e abortarem diversas vezes, muitas delas em condições que colocam
em risco à sua saúde, para esconderem o potencial nascimento de uma menina, é
uma outra razão para a Índia ter a maior taxa de mortalidade materna no mundo.
A cada 5 minutos, morre 1 mulher grávida.
Assassinatos relacionados ao dote - Também é crescente o número de
assassinatos de jovens mulheres casadas relacionados ao dote; mulheres que
foram assassinadas porque seus pais não conseguiram continuar cumprindo as
exigências da família do marido. Chamados de ‘mortes por dote’, esses assassinatos
são cometidos por um grupo de pessoas, e envolve o marido, os sogros, e às
vezes, os cunhados. A vítima é encharcada de querosene e uma chama é acesa em
falsos ‘acidentes’ de cozinha. Ou é forçada a consumir pílulas para dormir, ou
ainda enforcada para então ser chamada de suicida. Muitas mulheres são tão
torturadas que são levadas a cometerem suicídio. Estima-se que 25000 mulheres
sejam assassinadas dessa maneira todos os anos. As milhares que não morrem,
continuam a viver com queimaduras grave por todo o corpo, e com o sentimento de
que suas vidas foram destruídas.
Este genocídio ocorre por toda a
Índia, entre os analfabetos e educados, os pobres, os de classe médios e os
ricos. Na Índia não existe nenhuma
correlação entre o genocídio feminino e a educação, economia, cultura ou
religião. Este fenômeno brutal não é o resultado da pobreza, nem da ignorância,
mas sim de uma falta extremada de leis, conseqüência da apatia do sistema
jurídico e civil do país.
Fonte: Terra notícias, http://50millionmissing.wordpress.com.
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