quarta-feira, 14 de março de 2012

Luta Contra o Genocídio Na Índia


As mulheres na Índia não enfrentam apenas a violência e a discriminação social, política e trabalhista, já que são desprezadas antes mesmo de nascer, o que faz com que no país existam 32 milhões de homens a mais que mulheres.

No país, que há 40 anos teve uma das primeiras chefes de Governo da história, o sexo feminino continua sendo considerado de segunda ordem e o feticídio feminino dizima as mulheres no país.

Segundo as organizações de defesa da mulher, o desenvolvimento econômico não foi acompanhado de uma melhora significativa da situação da mulher nem conseguiu acabar com o aborto seletivo de bebês do sexo feminino, que afeta cerca de 500 mil fetos ao ano, apesar de a determinação do sexo antes do nascimento ser proibida.

Entre as áreas mais afetadas pelo problema estão os povos do estado ocidental de Punjab, na fronteira com o Paquistão, onde as meninas são metade do número de meninos, como em Dhanduha, onde no último ano só nasceram três meninas, contra 12 meninos.

 "Já tenho uma menina e não posso ter outra. É muito difícil casá-las porque os homens exigem dotes muito altos", declara uma professora universitária, que confessa já ter feito cinco abortos "porque todas eram meninas": "Agora não sei se poderei voltar a engravidar".

Os métodos de eliminação de mulheres usados na Índia são muitos e incluem o feticídio feminino, infanticídio, inanição intencionalmente provocada, assassinatos relacionados ao dote e mortalidade materna conseqüente de diversos abortos forçados para evitar que meninas nasçam.

O infanticídio feminino tem origem antiga e histórica na Índia. E continua a ser uma prática comum em muitas regiões rurais do país, principalmente porque é mais barato para as pessoas pobres do meio rural do que o método usado pelas classes mais ricas e educadas em vilas e cidades que usam o aborto selecionado por sexo. Uma parteira recebe apenas $2,50 para matar um bebê recém-nascido (menina). Os bebês são estrangulados, enterrados vivos, afogados em baldes de leite, ou envenenados. Em algumas regiões da Índia essa tarefa é reservada ao pai ou avó paterno da criança.

Inanição intencional e negligencia -  Muitas meninas que sobreviveram ao nascimento, acabam não sobrevivendo à inanição intencional e negligência da família. Meninas com menos de 5 anos têm uma taxa de mortalidade 40% mais alta do que a dos meninos da mesma idade, e é assim porque seus pais não querem gastar com comida e medicamentos, já que, segundo eles, uma garota não vale a pena o esforço, e o melhor a fazer é deixá-la morrer.

Feticídio feminino se tornou um fenômeno desenfreado na Índia, principalmente entre as classes média e alta.  Embora seja ilegal que médicos revelem o sexo do feto após os exames de ultra-som, cerca de um milhão de fetos do sexo feminino ainda são vítimas do aborto selecionado todos os anos na Índia. Estima-se que esse número chegará a alarmantes 2-5 milhões/ano nos próximos anos.

Mortalidade Materna - o fato de as mulheres serem forçadas a engravidarem e abortarem diversas vezes, muitas delas em condições que colocam em risco à sua saúde, para esconderem o potencial nascimento de uma menina, é uma outra razão para a Índia ter a maior taxa de mortalidade materna no mundo. A cada 5 minutos, morre 1 mulher grávida.

Assassinatos relacionados ao dote - Também é crescente o número de assassinatos de jovens mulheres casadas relacionados ao dote; mulheres que foram assassinadas porque seus pais não conseguiram continuar cumprindo as exigências da família do marido. Chamados de ‘mortes por dote’, esses assassinatos são cometidos por um grupo de pessoas, e envolve o marido, os sogros, e às vezes, os cunhados. A vítima é encharcada de querosene e uma chama é acesa em falsos ‘acidentes’ de cozinha. Ou é forçada a consumir pílulas para dormir, ou ainda enforcada para então ser chamada de suicida. Muitas mulheres são tão torturadas que são levadas a cometerem suicídio. Estima-se que 25000 mulheres sejam assassinadas dessa maneira todos os anos. As milhares que não morrem, continuam a viver com queimaduras grave por todo o corpo, e com o sentimento de que suas vidas foram destruídas.

Este genocídio ocorre por toda a Índia, entre os analfabetos e educados, os pobres, os de classe médios e os ricos.  Na Índia não existe nenhuma correlação entre o genocídio feminino e a educação, economia, cultura ou religião. Este fenômeno brutal não é o resultado da pobreza, nem da ignorância, mas sim de uma falta extremada de leis, conseqüência da apatia do sistema jurídico e civil do país.
Fonte: Terra notícias,   http://50millionmissing.wordpress.com.


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